O coletivo Resistência Marajoara vai promover a estréia do filme MARAJÓ, de Sérgio Péo. Aberta a comunidade, a sessão cineclubista acontecerá no trapiche municipal de Soure, nesta sexta, 19, às 19H.
Velha guarda e vanguarda, à frente e impregnado pelo seu tempo histórico, Péo faz cinema épico. Cinema fotografia. Cinema pintura. Cinema escultura. Cinema poesia. Cinema-síntese. Cada filme um sonho, mágico, que remete o público a uma viagem interior que aprofunda o sentimento humano naquilo que ele tem de essencial.
Realizador paraense radicado no Rio de Janeiro, Péo está muito além do star system: suas obras são caracterizadas pela superação de regras e padrões que amarram e limitam a criatividade humana; e seus filmes são tanto um raio-X da História do Brasil, das greves do ABC paulista a Serra Pelada (de Lula líder operário à presidente da república), quanto um grito em defesa dos direitos humanos e do próprio cinema brasileiro.
Cinema Novo na veia – Em “Marajó – movimento das águas”, Péo traz à luz toda a sua coragem, misturando linguagens e tecnologias. Filmado entre 92 e 94 (em 35 milímetros e em HI8), este filme abre portais para uma nova percepção da cena marajoara, seja pela montagem paralela, com imagens desfocadas e tremidas, seja pela pujança de planos fixos prolongados, travellings ondulados a imitar o marear dos popopôs, e leves passeios de câmera por sobre a econografia que a natureza grafa nas areias das praias de Pesqueiro e Araruna (Soure).
Graças ao apoio da professora Lindalva, a quem o filme é carinhosamente dedicado (post-mortem), “Marajó” é um filme silenciosamente místico, que nos revela um cortejo ancestral da cultura marajoara, paraense, amazônida e brasileira. Centenas de atores fantasiados desfilam durante cerca de 20 minutos diante da câmera numa das cenas mais antropofágicas do cinema brasileiro. “Leit motive” do filme, este (magnífico!) quadro (rodado em 35 milímetros, em 1992) é recortado por cenas captadas em HI8 (em 1994). O resultado disso é uma obra prima, que será por assim dizer devolvida à civilização marajoara, da qual nós paraoaras-amazônidas somos herdeiros com o orgulho de quem assume e afirma a sua ancestralidade.
Estréia – O Coletivo Resistência Marajoara atua no setor audiovisual no Município de Soure (Marajó), conta com cerca de 30 pessoas, a maioria dos quais jovens entre 16 e 25 anos, já realizou cerca de 10 obras audiovisuais. Entre os dias 18 e 21 de novembro deste ano, está programada uma oficina de CURADORIA, sob a coordenação de Isabela do Lago e Francisco Weyl, fundadores do Coletivo.
Serviço – Estréia do filme “Marajó – movimento das águas”, de Sérgio Péo. Dia 19 de novembro de 2010, 19 h. trapiche municipal de Soure. Entrada franca. Apoio: PARACINE – Federação Paraense de Cineclubes.
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Francisco Weyl
Carpinteiro de Poesia e de Cinema
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