segunda-feira, 21 de setembro de 2009

AS IMAGENS

As imagens estão todas lá, no espaço real em que elas se manifestam, entretanto, enquanto paisagens visuais, elas estão bem além dos olhos (e dos olhares), porque atravessadas pela história e perpetuados por uma tradição que não se fixa a um tempo, projetando-se na vida cotidiana e nas relações que as gentes marajoara estabelecem uns com os outros e com as culturas que eles produzem, a dança, o canto, a poesia, a arte, enfim, esta arte que afinal de contas lhes é negada, como se a ela não tivessem direito ou como se para que este direito lhes seja ofertado, elas tem que ascender a uma burcoracia estatal.
As imagens estão todas lá, com a sua dinãmica, entre a memória e o imaginário, como uma ponte suspensa por paradigmas que se constroem como muros-monolíticos e que são destruídos pela velocidade - não diria das teorias, mas nas práticas executadas pela sabedoria popular, identificadas com uma violência visceral, que se revela num permanente ensimesmamento de quem desconfia porque está farto de sua condição quase inumana.
As imagens dos filmes que projetamos não são reais, mas elas revelam estas realidades, ao mesmo tempo em que as colocam em estágio de uma espécie de insônia, em que não mais se pode adormecer, apenas sonhar.
Estas realidades, vevemo-las todos estes meses que temos estado no Marajó.

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