Belém, 15 de setembro de 2009
Quando decidi investir minha obra neste projeto eu coloquei em jogo muito mais do que a minha produção artística. A minha forma de estar no mundo também foi lançada neste espaço quase imenso e sempre vazio que eu ocupo nesta coisa a qual denomino vida. Algo assim como um caminho sem volta. Uma baía - na qual eu apenas vou. Ou por sobre a qual eu vôo. Ou me deixo estar à deriva em suas correntezas-maresias. Nestes tempos de ventos fortes e águas altas, há uma sensação de que tudo é contracorrente, entretanto, eu tenho que seguir, pois que me coloquei neste barco não apenas como um timoneiro mas também como uma anônimo navegador. E assim aprendi os fluxos dos canais, nas suas próprias profundidades, do mesmo modo, descubro o quanto são rasos os bancos de areia, estes que nos fazem ficar horas a espera das águas mudarem nossas rotas num intervalo mais ou menos cronológico de seis horas. A subir e a descer. A favor ou contra, a depender da direção que tomamos, se em direção ao Camará ou ao porto de Belém.
...
Tenho estado entre Soure e Belém desde o começo deste ano. E lá se foram nove meses, uma gestação, portanto. Só não contabilizo as horas que estive nesta baía porque eu sei que ainda estou com ela em mim. Este Projeto me proporcionou a abertura de uma possibilidade quase infinita, um encontro com as paisagens marajoaras, com o sentimento destas populações com as quais eu ainda estou a aprender.
...
Carpinteiro de poesia
Sou carpinteiro de poesia, mais não posso dizer, meu destino está traçado pelas mãos do criador, eu escrevo mas não por obrigação e sim por uma necessidade universal.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário