quinta-feira, 2 de abril de 2009

pensamentos da OCCAsião


Pensando sobre a luta deste projeto, e no deleite de outros, ainda poucos braços em uma construção grande a ser erguida, muitos aspectos ainda obscuros, os rumos que se apresentam parecem favoráveis, mas a cultura enquanto produto é o mais cruel de todos.

Educação e cultura são dois conceitos que certamente precisam ser focalizados para abrir este diálogo, apesar de atualmente serem tratadas de forma dicotômica, como as políticas públicas vêm tratando esses dois temas.

Até mesmo no que tange à alocação em Ministérios no Governo Brasileiro, pois temos um Ministério da Educação e um Ministério da Cultura.
Sabemos bem que qualquer análise que façamos do conceito de educação remeterá, inevitavelmente, a nosso ver, ao conceito de cultura, então porque esquadrinhar tanto?
Há correntes pedagógicas que concebem a educação como instância de preparação para a ocupação de papéis pré-definidos pela sociedade, outras que objetivam a formação do indivíduo como “ser” ideal, outras que pretendem formar cidadãos e alcançar a transformação social. Inevitavelmente, em todas elas, está em questão a formação de um homem que, como ser social, está integrado a uma sociedade, a uma cultura, a um momento histórico.
Relembramos, aqui, palavras de Paulo Freire (1996), quando afirma que uma das tarefas
mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar as condições em que os educandos ensaiem a experiência profunda de assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, etc.
Na concepção de Paulo Freire, como na de inúmeros educadores que militam na área de
Educação, como eu, percemos que nas três últimas décadas, a questão da identidade cultural é problema que não pode ser desprezado, nem na formação dos professores, nem na prática educativa, tanto que, num esforço de contemplar, os PCNs colocam a questão enquanto valores transversais ao ensino da disciplina, mas ninguém pensa a educação informal da arte, porque a da escola está cada vez pior, com separação em linguagens, então, coitados dos professores com formação em dança, teatro ou música, porque na escola, só querem saber do Da Vinci e do Tangran, dificilmente se pensa a origem do aluno, é porque, na escola é mesmo aluno o *sem luz, mas no Campo aberto, estão dando azas a projetos, que contrata oficineiros, ou arte-educador, e considera a vivência prática, paga menos e nem precisa se preocupar com esse povo que é formado em arte, mas, que compreensão didático-pedagógica tem o instrutor de capoeira, quem está dando formação pra esse pessoal? Será que tem o "arte-educador", por acaso um termo já problemático, será que é correto pensarmos a educação no campo aberto como uma prática de menor valor que a da escola? Sim porque a escola quer o prodessor de nível superior, e as oficinas de arte são dadas por diletantes, e o tal prática crítico-educativa, se a moda da oficina é só pra reproduzir procedimentos técnicos, então conseguimos voltar no tempo, e estamos revivendo a educação artística do regime militar.

Ôpa, desculpem, mas acreditei que esta máquina do tempo andava pra frente, oque pode ter de tão interessante nos moldes da educação do regime que nos faz voltar atrás agora? Será o "calem-se", ou ornamentar paredes e divertir a massa?
Cabe então perguntar: É possível pensar educação em uma perspectiva distante da história de um povo, e assim, dissociada da cultura? Que conceito de cultura pode levar a uma separação do conceito de educação?
O conceito de cultura, abrangendo o conjunto de valores, de manifestações materiais e
imateriais produzidas em sociedade, obviamente inclui a educação, esta entendida como o processo pelo qual as sociedades geram conhecimento crítico e inculcam seus valores, os criticam ou criam novos valores.
Se pensamos em políticas públicas e em educação como uma instância da formação do indivíduo e da cidadania, e se considerarmos a visão mercadológica que permeia o fomento à cultura, a responsabilidade social, o papel da escola e o papel da sociedade civil organizada, certamente temos alguns problemas a enfrentar, neste sentido, vale questionarmos como captar verbas adequadas para a educação, na rede regular, fora do âmbito da concepção mercadológica que prolifera na sociedade?
Políticas públicas envolvem planejamento, definição de objetivos sociais, de concepções filosóficas, etc. Como proceder dessa forma, no âmbito de verbas destinadas á cultura, de forma ampla e difusa, no âmbito de uma visão de mercado que, se não é a do MINC, é de grande parte da sociedade?
Como pensar a cultura na educação, se não vislumbramos a carga poética que cada pessoa carrega nas costas, sem pensar o embate, sem pensar no outro, sem acreditar que há algo a mais no mundo além de tua maldita vivência, como se a tua vivência nunca tivesse dependido de outrém?

Como disse o poeta... "a vida aberta como um grande circo", esqueci o nome do poeta. desculpem.

Isabela do Lago


Foto: Rômulo Queiroz - capela em Nascimento-Marajó.

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