DIÁRIO DE BORDO
... SOURE, SEXTA, 8 DE MAIO DE 2009
©Francisco Weyl
... SOURE, SEXTA, 8 DE MAIO DE 2009
©Francisco Weyl
"Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça. Grande Glauber. Quem vem ao Marajó fazer filme sob a ótica marajoara sabe bem o que isso significa. É na adversidade onde nasce a inventividade. O gênio criador brota no caos e age de forma magnífica com os seus próprios limites materiais. Sem ilusões. E a carência se torna uma dádiva. De Dioniso. O que quer que falte jamais fará falta à arte. Arte é revolução. Ela opera um processo de transformação interior, em cada ser humano, naquele que cria e naquele que sem ser criador sente a arte de forma inconsciente. Assim, ela se expande. Tal qual o universo, com a sua infinita grandeza cosmológica e as suas poeiras estrelares.
A simples presença da câmera em minha vida e a possibilidade de que a qualquer momento eu posso ligá-la e neste instante instalar todo o processo criador me dá uma sensação de conforto absoluta. Assim como a energia elétrica carrega as baterias da máquina de filmar, minhas energias instintuais e inconscientes, universais, fortalecem-me o espírito criador. O resto são os acessórios, culturais e técnicos, jamais artísticos.
Compreendo isso perfeitamente quando me sento neste salão do auditório Santo Agostinho, em Soure, onde se realiza um encontro que é Histórico. Para o Marajó. E fazer História não é para quem sonha, mas para quem age.
Deus sabe o quanto este dia está a ser violento e neste processo nascem uma sucessão de processos, já instalados no espaço em que opero, Soure.
Saio à rua logo de manhã para mais um dia, a pensar nesta que está a ser mais que uma missão. Sei que não posso naufragar nos meus pensamentos, preciso dar-lhes sentidos concretos, urge realizar as idéias maturadas durante o dia e também durante a noite, quando durmo, numa rede, na sala, com a grande janela aberta. E todos me dizem: cuidado. Entretanto, avançarei sempre em direção ao abismo, mas não com demasiada pressa.
A arte me leva para o abismo. No Marajó, este abismo é a minha necessidade de criar, de escalar o cume destes vulcões prontos a entrar em erupção, para, lá em cima, deixar-me estar, para além de minha solidão, em comunhão com aquelas aos quais eu me lanço com uma fúria incomensurável.
A câmera está com a bateria descarregada agora e enquanto espero pelo seu re-carregamento, aproveito para ouvir os informes e as discussões gerais sobre a aplicação dos recursos destinados ao Marajó pelo Programa Territórios da Cidadania, bem como para digitar estas reflexões.
Andei a filmar hoje, filmei esta plenária, o processo de votação de escolha do agente político articulador das comunidades no âmbito dos Territórios da Cidadania, entrevistei a Marília, que foi a candidata vitoriosa, e depois fui à rua e filmei o carro de som a fazer publicidade pelas ruas de Soure sobre a aula inaugural do Projeto RESISTÊNCIA MARAJOARA – que hoje tem a sua aula inaugural, no trapiche, às oito da noite, com os filmes É PROIBIDO NÃO TOCAR N´OS SABERES DO MARAJÓ, do Darcel Andrade, e UM CÃO ANDALUZ, do Luís Buñuel e Salvador Dali, e, depois, retornei para esta plenária e mais uma vez filmei, filmei o discurso da Edna Marajoara, a voz do Marajó, no dizer do representante da Caixa Econômica, aliás, filho da Zeneida, que não está presente, assim como muitas entidades dos movimentos sociais e instituições marajoaras. E olha que este é um dia histórico, e entre uma e outra coisa, fiz fotografias várias, tentei registrar algumas falas, para produzir um texto jornalístico que pretendo enviar para que seja publicado em sites institucionais, em Belém.
E aproveito para conhecer e dialogar com dirigentes de instituições marajoaras, distribuo os folders do Projeto RESISTÊNCIA MARAJOARA.
O homem que faz tudo.
No meu entendimento, este projeto, RESISTÊNCIA MARAJOARA é artístico e arte é exatamente isto, esta combustão, produção e choque, tensões, fragmentos, explosões."
A simples presença da câmera em minha vida e a possibilidade de que a qualquer momento eu posso ligá-la e neste instante instalar todo o processo criador me dá uma sensação de conforto absoluta. Assim como a energia elétrica carrega as baterias da máquina de filmar, minhas energias instintuais e inconscientes, universais, fortalecem-me o espírito criador. O resto são os acessórios, culturais e técnicos, jamais artísticos.
Compreendo isso perfeitamente quando me sento neste salão do auditório Santo Agostinho, em Soure, onde se realiza um encontro que é Histórico. Para o Marajó. E fazer História não é para quem sonha, mas para quem age.
Deus sabe o quanto este dia está a ser violento e neste processo nascem uma sucessão de processos, já instalados no espaço em que opero, Soure.
Saio à rua logo de manhã para mais um dia, a pensar nesta que está a ser mais que uma missão. Sei que não posso naufragar nos meus pensamentos, preciso dar-lhes sentidos concretos, urge realizar as idéias maturadas durante o dia e também durante a noite, quando durmo, numa rede, na sala, com a grande janela aberta. E todos me dizem: cuidado. Entretanto, avançarei sempre em direção ao abismo, mas não com demasiada pressa.
A arte me leva para o abismo. No Marajó, este abismo é a minha necessidade de criar, de escalar o cume destes vulcões prontos a entrar em erupção, para, lá em cima, deixar-me estar, para além de minha solidão, em comunhão com aquelas aos quais eu me lanço com uma fúria incomensurável.
A câmera está com a bateria descarregada agora e enquanto espero pelo seu re-carregamento, aproveito para ouvir os informes e as discussões gerais sobre a aplicação dos recursos destinados ao Marajó pelo Programa Territórios da Cidadania, bem como para digitar estas reflexões.
Andei a filmar hoje, filmei esta plenária, o processo de votação de escolha do agente político articulador das comunidades no âmbito dos Territórios da Cidadania, entrevistei a Marília, que foi a candidata vitoriosa, e depois fui à rua e filmei o carro de som a fazer publicidade pelas ruas de Soure sobre a aula inaugural do Projeto RESISTÊNCIA MARAJOARA – que hoje tem a sua aula inaugural, no trapiche, às oito da noite, com os filmes É PROIBIDO NÃO TOCAR N´OS SABERES DO MARAJÓ, do Darcel Andrade, e UM CÃO ANDALUZ, do Luís Buñuel e Salvador Dali, e, depois, retornei para esta plenária e mais uma vez filmei, filmei o discurso da Edna Marajoara, a voz do Marajó, no dizer do representante da Caixa Econômica, aliás, filho da Zeneida, que não está presente, assim como muitas entidades dos movimentos sociais e instituições marajoaras. E olha que este é um dia histórico, e entre uma e outra coisa, fiz fotografias várias, tentei registrar algumas falas, para produzir um texto jornalístico que pretendo enviar para que seja publicado em sites institucionais, em Belém.
E aproveito para conhecer e dialogar com dirigentes de instituições marajoaras, distribuo os folders do Projeto RESISTÊNCIA MARAJOARA.
O homem que faz tudo.
No meu entendimento, este projeto, RESISTÊNCIA MARAJOARA é artístico e arte é exatamente isto, esta combustão, produção e choque, tensões, fragmentos, explosões."
©
Francisco Weyl
Carpinteiro de Poesia e de Cinema
Francisco Weyl
Carpinteiro de Poesia e de Cinema
Nenhum comentário:
Postar um comentário