quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

REFLEXÕES - MARAJOARAS

Por uma ação de guerrilha na Ilha do Marajó!
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A construção de uma nova civilização estética é o DESEJO que nos move ao Marajó, para onde não levaremos verdades, mas dúvidas, que haverão de se diluir quando dos choques entre os projetos e propostas que apresentarmos e as realidades que emergem das comunidades da Ilha.
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Trata-se, pois, de uma possibilidade real de construção de uma escola, a Escola do MARAJÓ, que, aliás, está feita, à nossa espera, para que dela comunguemos, mas também para que dela nos apossemos e com ela partilhemos as forças trágikas soterradas pelos covardes e fracos que tudo o que fazem é suportar sobre si o peso desta gravidade ou o fardo de um Prometeu, às avessas, pois que se lhes perguntam se sabem ao menos porque vivem, eles suspiram e respodem que ainda esperam a redenção.
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Mas o nosso DESEJO, ao contrário, é tradutor de uma vontade, a VONTADE DE PODER, em nome da qual os homens de coragem sustentam as suas ações.
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Apesar das idéias para nada servirem e apesar de sabermos que todas as nossas verdades haverão de desabar na hora em que estivermos confrontados com as realidades, abertos às novas possibilidades e perspectivas criativas das comunidades (marajoaras), com as quais viermos a estabelecer práxis e instaurar novos processos, há que fazer registros apriorísticos antropo-estéticos de todos os estágios dos processos criativos - desta criação (e deste PROJETO) em si, das catarses, do pensamento (no seu silêncio niilista e na sua afirmação dionisíaca pela via da sua representação), do desejo (inconsciente & catastrófico), e, claro, da VONTADE DE PODER.
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Há mais desafios nos Marajós do que aqueles aos quais somos capazes de enfrentar.
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Entretanto, se não formos capazes de enfrentar a todos estes desafios, ao menos sejamos sejamos capazes de interprelá-los, um a um.
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E de forma coletiva patilhar as nossas (auto-)reflexões - sobre estas interpretações e sobre como cada um de nós interpretamos e enfrentamos a estes desafios.
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Há, pois, que ter compreensão dos processos que envolvem este PROJETO, na sua real e profunda extensão, do mesmo modo, clareza poética e estética quanto ao que haveremos de fazer quando estivermos nestes Marajós.
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Sob a minha perspectiva, não há aqui aventura, mas territórios onde as práticas de guerrilhas poéticas podem e devem ser aplicadas na sua dimensão política e na sua extensão épica.
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Há, pois esta luta, travada no pântano da escuridão, entre estes mortos que insistem em sobreviver e estes vivos, enfraquecidos, covardes, portanto, uma luta de derrotados, uma luta inglória, no deserto das idéias dos insetos, cujos reinos, todos, estão falidos, porque fálicos, pelo que urge a redenção terrena, a revolta, a radicalidade, desses que, como nós, artistas, santos e loucos, ainda acreditam na força trágika da vida!
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Exposta esta primeira questão, de ordem holística, partamos agora diretamente ao mundo concreto.
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A primeira questão que identifico ao realizar intervenções artísticas e sociais no MARAJÓ é que isso pode significar uma certa adesão às políticas culturais dominantes, especificamente, à sustentação dos pontos de cultura.
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Toda esta lógica, sabemos, agrega-$e ao mercado do espetáculo, envolvendo uma miscelânea de produtos que se interdependem para que as políticas & projetos (aos quais estamos agora articulados) obtenham sucessos midiáticos, objetivo ao qual não nos propusemos à partida quando de consturção deste projeto, que, portanto, já nasce contraditório pela sua própria natureza, na medida em que ele pretende enraizar-se nas comunidades, para as quais também corremos o risco de estarmos a levar, para além das nossas vivências estéticas, toda esta lógica contra a qual muitas vezes nos posicionamos, esta lógica estúpida de mercado.
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Indagações primeiras:

COMO AVANÇAR COM PRÁXIS RADICAIS POR SOB A ÉGIDE DO SISTEMA QUE AFINAL, ELE PRÓPRIO, NOS FINANCIA?
SOB QUAIS SIGNOS TROCAR ESTÉTICAS & POÉTICAS (ENTRE NÓS PRÓPRIOS E COM A COMUNIDADE) SE ESTAS TROCAS TAMBÉM PODER SER MOEDAS DE TROCA PARA O MERCADO?
QUAIS TERRITÓRIOS PODEMOS MAPEAR SEM QUE ESTES MAPAS SEJAM CATALOGADOS PELOS VENDILHÕES DO TEMPLO (SE É QUE ESTÃO ME ENTENDENDO)?
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UMA NOVA CIVILIZAÇÃO ESTÉTICA!
Ao Marajó!, camaradas, iremos, aliás, já lá estamos, mas somos mesmos capazes de sairmos daqui?
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Ainda há ratos mais ratos que os ratos de porões?
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(E a estes temos que expulsá-los do nosso navio, pois que nem coragem para assumir a sua condição de ratos eles têm.)
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Abandonemos, pois, este paraíso artificial de amigos e drogas de amigos, seus diálogos in-substanbtivistas e inadjetiváveis, portanto, os seus insultos ao instante que brota o conhecimento.
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(E aí mesmo ele, o conhecimento, é destruído!)
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Mas nós que temos as armas, somos desalmados, despojados do sublime, como que num eterno sucumbir dionisíaco às trevas que luzem num infinito piscar de olhos.
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Só a filosofia nos salva, CAMARADAS, usemo-la.
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OU: estamos condenados a atravessar as baías, a exumar nosso MESTRE Dalcídio e com este símbolo todos os mortos que jamais descansaram no Marajó?
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Só os mortos poderão nos conceder estas dádivas que são as respostas que buscamos?
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(Que respostas buscamos?)
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Quem está em estado de arte está em estado de morte.
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E o Estado não poderá absorver o nosso ESTADO DE LOUCURA, que nasce expontâneo, com a força trágica da ARTE.
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© Francisco Weyl (Carpinteiro de Poesia e de Cinema)

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